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História da Mulher Motociclista: meus 10 anos de HD

Por Andrea Nantes


Sim, esse ano faz 10 anos que entrei para a família HD.


Vou contar um pouquinho da minha história. Meu primeiro contato com 2 rodas motorizada foi aos 10 anos de idade, quando ganhei minha primeira Mobylette – uma Caloi branca e azul; afinal de contas, os amiguinhos do condomínio onde morava em Itu já tinham e era o sonho de toda pré-adolescente. Aos 14 anos a Mobylette foi ficando pequena, minha fiel amiga e companheira tinha que descer da garupa para eu poder pedalar na subida pois não tinha força suficiente, então, convenci o meu pai a trocar por um XL 125 da Honda.


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Agora sim, era A moto. Foram 4 anos de molecagem; saia com os meninos nas pedreiras saltar os morros debaixo de chuva, tentava empinar (até que a roda saia do chão por um segundo rsrsrs ), andávamos nas fazendas ao redor a noite com os faróis apagados para ver o brilho da lua. Ia para o cursinho a noite fugindo sempre dos policiais é claro, afinal de contas não tinha habilitação. Posso dizer que tive uma adolescência muito feliz; mas os 18 anos chegou, mudança de cidade, faculdade, carro e o principal, a lei do capacete que desanimou todos na época.


Foi então que decidi vender a moto.


Uns 4 anos depois, já na faculdade no RJ conheci o Tato, um amigo harleyro que me levou pra conhecer o motoclube dele em SP. Quando cheguei, vi aquelas máquinas lindas, com os cromados que brilhavam meus olhos; nunca tinha visto motos tão bonitas. Entrei, comecei a conversar com aquele monte de “velhos” (na época para mim eram velhos rs) barbudos, cabeludos, barrigudos, todos de coletes de couro preto, mas com uma energia de admirar. O papo rolou por horas e sai daquele local encantada com tudo; as motos, o estilo das roupas e principalmente a simpatia e o acolhimento que recebi. Voltando sozinha pra casa disse para mim mesma: “Um dia eu terei uma Harley”.


Os anos se passaram, faculdade, residência, trabalho intenso, casamento, filha e separação. Após três longos e intensos anos me dedicando apenas para o trabalho e filha (pois em comum acordo ela não dormiria com o pai até os 3 anos), passamos a revezar os finais de semana, foi quando decidi com a cara e coragem entrar pela primeira vez na Tennessee em Sousas. Entrei na loja de shorts jeans, bota country e blusa vermelha, quando um simpático homem me abordou e se apresentou. Era o diretor do HOG Eduardo Lima (o que denomino hoje de meu querido padrinho); ele perguntou se eu já andava de moto, fiz um breve resumo da minha história, dizendo que estava me sentido muito sozinha pois havia me separado e todas minhas amigas estavam casadas. Ele mais que rápido me respondeu: “Então compra uma Harley que você não fica mais sozinha”. Sorri para ele, me encantei pela Deluxe que estava no showroom e ele pediu para eu me sentar nela que ele tiraria uma foto.


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A partir daquele momento, aos 38 anos, em agosto de 2015, minha vida mudou.

Em menos de um mês tinha comprado minha primeira Harley e ganhado uma segunda família.


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Como tradição, fui informada que teria que colocar um nome na moto e quem nomeou foi a querida Claudinha Paleo (in memoriam) a qual eu chamava de segunda madrinha. A Deluxe passou a se chamar Pérola.


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Minha paixão e dedicação foi tanta que em menos de 6 meses fui convidada a fazer parte da diretoria do HOG 2016.


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2015 e 2016: foi um ano intenso na Tennessee Campinas Sousas, repleto de passeios onde nosso bonde chegava a 100 motos por final de semana; viagens como o Nacional HOG Rally em Petrópolis com direito a competição de motohabilidade, Regional HOG Rally em Lins, Bate & Fica em Araxá, Águas de Lindóia, Cruzeiro; fiz meu primeiro curso com o Oswaldo da Omno e até criei coragem de colocar meu tão sonhado piercing no nariz que me acompanha até hoje.


Um ano depois, em agosto de 2016, após quase ter perdido minha mala amarrada na traseira da Pérola em uma das viagens, decidi olhar para a Ultra Limited. Era sim aos meus olhos uma moto gigantesca demais só pra mim, mas quando vi aquele monte de botões, toda tecnologia que sempre fui apaixonada e aqueles baús onde eu iria poder levar todas as coisas que eu quisesse nas viagens, não pensei duas vezes. Me lembro que a empolgação foi tanta que nem fiz test ride; apenas sentei nela, vi que meus pés alcançavam normalmente no chão e troquei de moto: a linda Cristal (foi ai que começaram as famosas pedrinhas).


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2017: Também foi um ano muito intenso, tivemos a festa do San Patrick na loja com mais de 150 pessoas, um evento sensacional que foi o Rider`s Camping em Itu, o tradicional Outubro Rosa, festa dos Pés Vermelhos em Londrina com os Vagabonds, minha primeira vez no Rastro da Serpente. Tivemos também a honra de receber o policial americano Scott o qual fiz o meu segundo curso de motohabilidade, além de muitos outros Bate & Volta. Ah, foi o ano também onde eu fiz minha terceira e maior tatuagem; a que mais me identifica.



2018: Foi o ano do Café com leite em Passa Quatro, Araxá, Outubro Rosa 2018 em Curitiba com direito a primeira passagem pela Serra da Graciosa, Harleyros Maringá onde por um erro de percurso do nosso Road Captain me deparei com a cidade NANTES (sem imaginar que um dia passaria por ela) e é claro que mesmo debaixo de chuva fiz todos pararem para uma rápida foto. Tivemos também o HOG Rally em Camboriú, Penedo, Teresópolis, festas como o Dia das Crianças na Tennessee Highway, diversos Bate &Volta. Não posso me esquecer de citar o curso de mecânica que me meti a fazer na oficina do nosso querido Tunder (confesso que já esqueci tudo, kkkkk).



2019: Decidi trocar a Cristal; achava que 32 mil km era muito rodada rs. Tinha me apaixonado pela Ultra laranja que havia chegado no final de 2018 mas quando fui trocar no começo de 2019 já tinha sido vendida. Liguei em praticamente todas as concessionárias do Brasil e todas falavam a mesma coisa que a laranja veio apenas poucas unidades e não viria mais. Fiquei arrasada e acabei trocando pela única cor que havia sem ser preta; uma Ultra Azul e prata. Longe de ser a cor dos meus sonhos mas ela me levou ao Harleyros Floripa.



No final de maio desse ano, 3 meses após ter trocado de moto, recebi uma mensagem do meu irmão do coração, Borges, informando que iria chegar uma Ultra Laranja em Sorocaba. Nem sei descrever o turbilhão de sentimentos que passaram por mim mas bastou receber um incentivo da minha mãe a qual disse: “Troca minha filha, essa cor realmente não combina com vc”, que eu fiz a loucura de trocar novamente e pegar a cor que brilhou os meus olhos desde que vi. A tão famosa Laranjinha.



Ah... esse ano tivemos o Acelerando pra vida, Hog Rally Olímpia, conheci a Uberlândia HD, mais um Outubro Rosa e foi um ano muito marcante para mim; pois fiz minha primeira viagem internacional para o Uruguai.



2020: O ano começou bem com festa na Highway, Bate&Fica Ribeirão Preto, Campos do Jordão.



No mês de Março veio a PANDEMIA: Tudo parou, só não parou a nossa vontade de pegar estrada. É claro que diminuíram demais os passeios e há quem criticasse dizendo que não deveríamos sair de moto porque se houvesse algum acidente iríamos ocupar um leito do hospital, mas além do risco ser muito menor pelas estradas estarem vazias, era praticamente impossível pegar COVID sozinho em cima de uma moto com o vento no rosto. Pra mim, a saúde mental é o que mais importava naquele momento, sem contar que eu já tinha testado positivo e passado pelos meus 15 dias de repouso. Com todas as precauções preconizadas, saíamos para rodar com direito a piquenique à distância sentados nos canteiros dos postos de gasolina, afinal de contas só nos restava uma pequena janelinha aberta da conveniência por onde comprávamos algo para comer.

No segundo semestre as coisas deram uma acalmada, voltaram os Bate & Fica em Trindade, Aparecida do Taboado, Ilha Bela, Penedo e Visconde de Mauá, Ouro fino (e o menino da porteira mascarado), além de um Drive-in da Transamérica no Alphaville SP.



2021: Começou com o desafio do Harley Challenge; onde tínhamos pré determinados os trajetos a percorrer. Não consegui conquistar todos devido a falta de disponibilidade, mas consegui fazer a foto em Águas de São Pedro, Andradas, Riviera de São Lourenço, Brotas, Ilha Bela e a foto em casa (onde minha princesinha foi a fotógrafa).



Além dos desafios fizemos a Serra da Macaca, Ribeirão Preto, Boteco do Mosquito em Toledo (PR) com os Vagabonds e o Ride for Kids em Curitiba com direito a mais uma vez a Serra da Graciosa.



2022: Bate & Volta Riviera, Carnaval improvisado no Guarujá, Caldas Novas no evento das Anas, Festa à fantasia do aniversário dos Vagabonds, Reginópolis, Jacutinga, minha primeira e única viagem só de mulheres para Fama, mais um Boteco do Mosquito em Toledo, dentre outros Bate & Volta.



2023- 2024: Poços de Caldas, Harleyros Floripa 2023 e 2024, São Roque, Monteiro Lobato, São José dos Campos, Serra Negra, Curso para as Ladies de Ribeirão Preto, Maio Amarelo, Monte Verde, Rodeo Lucky Friends 2024, Tiradentes



Enfim 2025... foram 10 anos, aproximadamente 145 mil km de felicidade e com a certeza de que tomei uma das melhores decisões da minha vida que foi entrar para o mundo HD.


Pelo terceiro ano consecutivo recebi o convite para voltar a fazer parte da diretoria do HOG e dessa vez decidi aceitar pela paixão e gratidão que tenho à minha segunda casa que é a Tennessee Harley-Davidson. O HOG sempre foi uma peça fundamental para a loja e felizmente estamos conseguindo aos poucos trazer de volta aquele brilho e energia contagiante que existia quando cheguei.


Claro que esses 10 anos não foram só de alegrias; tive muitas perdas repentinas, principalmente minha avó que foi minha segunda mãe e os 2 homens da minha vida; meu pai e meu irmão; mas uma lição ficou; devemos viver intensamente todos os dias como se fosse o último e jamais deixar o medo nos limitar. Nossa vida é uma caixinha de surpresas e temos que aproveitar cada momento sem desistir dos nossos sonhos.

Agradeço em primeiro lugar a Deus por me permitir essa conquista e estar sempre comigo me protegendo e em segundo lugar a minha mãe e minha filhota que sempre me apoia em tudo.

Bora continuar rodando por esse mundão afora, até quando Deus me permitir.

 
 
 

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